
Cordão Bamba do Fed: Powell alerta para riscos inflacionários enquanto o CPI esfria e o emprego dispara
Apr 18
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Atualizado em 18 de abril de 2025

Source: Getty Images
À medida que a economia dos EUA enfrenta uma nova onda de tensões comerciais e incertezas políticas, as últimas declarações do presidente do Federal Reserve acrescentaram uma nova camada de complexidade às perspectivas de taxa de juros. Em um discurso em 16 de abril, o presidente do Fed fez um alerta severo: as tarifas de importação recém-impostas podem reacender a inflação, mesmo com os dados mais recentes do CPI mostrando sinais de desaceleração.
Esse desenvolvimento ocorre em um momento crucial. Investidores e formuladores de políticas ainda estão avaliando as implicações da inflação mais branda de março e dos dados surpreendentemente fortes do mercado de trabalho. A questão agora é: o Fed pode se dar ao luxo de iniciar cortes de juros — ou essa janela já se fechou?
Alerta de Tarifas: A inflação ainda pode retornar
No discurso de 16 de abril, o líder do banco central expressou preocupação de que as novas tarifas de importação — algumas chegando a 125% — poderiam gerar uma nova onda de pressões inflacionárias. Ele afirmou que o impacto sobre os custos para o consumidor pode ser "mais significativo do que o previsto", e que o Fed está preparado para agir caso a inflação se torne persistente.
Isso marca uma mudança sutil, mas importante: enquanto os mercados esperavam uma postura mais branda, esses comentários indicam que o Fed ainda está em modo de espera, especialmente diante da volta dos riscos inflacionários.
CPI de março: sinais encorajadores, mas com ressalvas
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de março apresentou os seguintes resultados:
CPI geral: +2,4% em base anual, abaixo dos 2,8% de fevereiro
CPI mensal: -0,1%, primeira leitura negativa mensal em mais de um ano
Núcleo do CPI: +2,8% em base anual, o menor nível desde 2021
Esses números inicialmente trouxeram alívio ao mercado. No entanto, com as tensões geopolíticas e tarifas crescentes no horizonte, economistas permanecem cautelosos quanto à sustentação dessa tendência nos próximos meses.
Folha de pagamento não agrícola: crescimento forte, mas com nuances
O relatório de emprego de março mostrou números sólidos:
Novos empregos: 228.000 (bem acima das expectativas)
Taxa de desemprego: 4,2%
Crescimento salarial: +0,3% mês a mês, elevando o salário médio por hora para US$ 36,00
Apesar dos números positivos, uma grande parte dos novos empregos veio de cargos de meio período e do setor de lazer, levantando dúvidas sobre a estabilidade do emprego. Ainda assim, o relatório confirma a resiliência do mercado de trabalho — o que reduz a pressão para cortes imediatos na taxa de juros.
Fed sob pressão: o difícil equilíbrio
O banco central está enfrentando múltiplos desafios:
Crescimento dos riscos inflacionários devido às tarifas
Dados do CPI mais suaves no curto prazo
Um mercado de trabalho ainda robusto
Pressão política e críticas públicas das lideranças
Tudo isso indica uma provável pausa em qualquer flexibilização imediata da política monetária. A próxima reunião do FOMC, em maio, será crucial, com os dirigentes reavaliando sua posição em meio a sinais econômicos conflitantes.
Conclusão
Embora os relatórios do CPI e de emprego de março ofereçam algum otimismo, o tom do Fed mudou claramente em resposta aos riscos externos. Com os temores inflacionários de volta ao radar, cortes de juros no curto prazo parecem improváveis.
O Fed provavelmente continuará em sua caminhada sobre o fio — equilibrando a necessidade de apoiar o crescimento com o desafio de conter uma nova onda inflacionária.
Fontes do artigo
a) U.S. Federal Reserve official communications (April 16, 2025)
b) U.S. Bureau of Labor Statistics – Consumer Price Index (March 2025)
c) U.S. Bureau of Labor Statistics – Employment Situation Summary (March 2025)
d) Market analyst briefings and institutional commentary (April 2025)